O Pontão de Cultura Cidade Livre, em Aparecida de Goiânia (GO), realizou no dia 26 de novembro, às 19h30, o II Sarau Ventre Dançado, com o tema “Ventre, voz e território: dançar para existir na periferia”. A atividade, gratuita e aberta ao público, integrou ações de mobilização e redes do Programa Nacional dos Comitês de Cultura (PNCC), fortalecendo a articulação territorial e o direito à cultura.
A programação reuniu palestra de abertura, roda de conversa com alunas, artistas e parceiras da rede, além de apresentações artísticas de dança do ventre — em solos e trabalhos coletivos — que dialogaram com as vivências de mulheres que conciliam trabalho, estudo, maternidade, deslocamentos e múltiplas jornadas, encontrando na dança um espaço de afirmação, resistência e cuidado coletivo.
Ao tomar a dança do ventre como ponto de partida, o sarau promoveu reflexão sobre o que significa dançar na periferia, tensionando estereótipos e ampliando narrativas sobre corpo, território e políticas culturais.
Vozes do território: depoimentos que atravessam o corpo e a cidade
Camila Marques, atriz, dançarina, intérprete de Libras e moradora da periferia de Aparecida de Goiânia, destacou a potência de ocupar o espaço cultural com presença e diversidade.
“Para mim, estar aqui é afirmar que a periferia produz arte e pensamento. Dançar é existir com dignidade, é dizer com o corpo que a gente tem direito à cultura, à cidade e aos nossos sonhos. Como intérprete de Libras e artista, eu vejo o quanto a acessibilidade e a escuta ampliam quem pode participar — e isso muda tudo.”
A professora de dança do ventre Andrea Cris, que mora em Goiânia e atua no Studio Kizara, também reforçou a importância da conexão entre territórios e redes de mulheres, valorizando as trajetórias que se constroem fora dos centros hegemônicos.
“Chegar ao Pontão e ver tantas mulheres dançando, falando e se reconhecendo é muito forte. A dança do ventre é técnica, arte e história, mas também é encontro e pertencimento. A gente cria pontes entre Goiânia e Aparecida, entre diferentes realidades e territórios, para fortalecer quem está inserida na área cultural, seja como consumidora ou como fazedora.”
Cultura, rede e pertencimento
O II Sarau Ventre Dançado reafirma o compromisso do Pontão de Cultura Cidade Livre com a democratização do acesso, a valorização das artistas locais e a construção de redes de apoio e articulação no território, conectando formação, fruição e debate público em torno das políticas culturais.







